PIEMONTE FM

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Professora da Paraíba defende gays em texto e 'viraliza', com mais de 26 mil compartilhamentos


Ao Portal Correio, ela disse que estava cansada de receber correntes preconceituosas e usou o Facebook como um desabafo; o que a professora não sabia era o tamanho da repercussão positiva que a mensagem iria ganhar
Cidades | Em 01/04/15 às 22h57, atualizado em 01/04/15 às 22h52 | Por Alisson Correia
Reprodução
Emmanuelle Lira, dona do texto que correu pela internet
“O casamento gay é facultativo. Ninguém no Brasil é obrigado a casar com um gay. Se você não é gay, a lei não lhe diz respeito”. Assim começa o texto da médica pediatra e professora paraibana Emmanuelle Lira, que ganhou o mundo ao mostrar críticas à falta de tolerância e à homofobia. Até essa quarta (1º), a publicação de 21 de março, no Facebook, já teve mais de 319 curtidas e 26,2 mil compartilhamentos, inclusive entre celebridades como Thammy Miranda. O texto também está disseminado no WhatsApp. Leia-o abaixo.



Natural de Cajazeiras, a 468 km de João Pessoa, no Sertão da Paraíba, e irmã da esposa da cantora paraibana Val Donato, Emmanuelle disse que escreveu o texto no celular depois de receber uma série de correntes com críticas a respeito de beijo gay na televisão e da adoção de filhos por casais homoafetivos, já reconhecida pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme publicado na Agência Brasil, no entendimento de Cármen Lúcia, o conceito de família, com regras de visibilidade, continuidade e durabilidade, também pode ser aplicado a pessoas do mesmo sexo.

“Não sou gay, mas poderia ser; minha filha pode ser. As pessoas precisam estar preparadas para lidar com isso e saber como conversar com os filhos quando eles perguntarem por que pessoas do mesmo sexo vivem como casais. Melhor que as crianças sejam orientadas em casa, pelos pais, do que na rua, por estranhos. Muitos preferem fingir que a situação não existe e querem esconder, mas a relação homoafetiva deve ser encarada e respeitada”, defende a professora, que é casada e mãe de uma menina de dois meses.

“Da mesma forma que as pessoas têm suas opiniões contrárias, também tenho a minha que é em defesa dos homossexuais. Acredito que, sem querer, acabei encontrando muitas pessoas que concordam comigo e estão saturadas de tanto preconceito”, disse ela surpresa com a repercussão.

Filha de evangélicos, ela diz que é um erro colocar religião contra a homoafetividade. "Minha mãe é evangélica, mas totalmente contra a homofobia. Minha irmã é lésbica e nós a amamos. Quem cria rixas e problemas entre crenças e pessoas são os ignorantes, não é Deus nem as religiões", explicou, em entrevista ao Portal Correio.

Veja o texto publicado pela professora no Facebook:

"Alguns esclarecimentos importantes:

1. O casamento gay é facultativo. Ninguém no Brasil é obrigado a casar com um gay. Se você não é gay, a lei não lhe diz respeito. 

2. O Beijo gay é o mesmo que qualquer Beijo. Ser gay é uma característica de pessoas, não de Beijos. Não existe Beijo negro ou Beijo gordo. Ah, e também é facultativo. Ninguém é obrigado a beijar alguém do mesmo sexo. Ufa! Podem dormir tranquilos.

3. A adoção de crianças por casais gays é quando um casal gay adota uma criança de um orfanato, não uma criança da sua casa. Se você não é gay e não é uma criança num orfanato, essa lei não lhe diz respeito. 

4. A Globo é só uma emissora dentre muitas. Eu, por exemplo, só tenho Sky e na Paraíba a Sky não tem Globo. Ninguém no Brasil é obrigado a assistir a Novela das 9. Se assiste, é porque quer ver. Então veja. 

5. Todos os programas no Brasil têm classificação indicativa. Nenhuma novela é aconselhável pra crianças de 6 ou 7 anos. Então você estiver preocupado com seu filho ver Beijo de novela das 9, então a Globo não é o seu maior problema. Vá ler o Estatuto da criança e do adolescente. 

6. Se você é cristão, saia do Levítico e do Deuteronômio e vá ler o Sermão da Montanha e aprender o que é tolerância. 

Parafraseando a Pitty: nenhuma mulher vai voltar pra cozinha, nenhum negro vai voltar pra senzala e nenhum gay vai voltar pro armário. Entendam isso".


Repercussão

“Concordo plenamente com você Emmanuelle Lira, não sei porque algumas pessoas se sentem ameaçadas com essas questões, que em nada lhes afetam”, comentou Rozilene Lopes de Sousa na postagem. 

“BACANA. A Nossa "obrigação" é respeitar uns aos outros", afirmou Suelene Lopes. “Mais do que lindas, suas palavras são uma poderosa reflexão para essa geração de hipócritas e críticos que representam um atraso vivo desta época”, escreveu Francisco Figueiredo. 

“Muito bom, Emmanuelle! Só um detalhe lógico, mas pertinente talvez: os gays quando adotam uma criança, esta mesma criança foi rejeitada por um casal hétero que a gerou. Então, Viva!!!", postou Livia Brocos. O Portal Correionão encontrou nenhum comentário contrário.
Thammy Miranda compartilhou a mensagem no Instagram e teve mais de 3,6 mil likes.

Thammy Miranda postou a mensagem no Instagram
Foto: Thammy Miranda postou a mensagem no Instagram
Créditos: Reprodução/Thammy Miranda

Emmanuelle Lira é graduada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB, professora de Medicina na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), mestra em Saúde Coletiva e faz residência médica em Pediatria.

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