PIEMONTE FM

domingo, 16 de março de 2014

Jesus Cristo e o assédio moral

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A Bíblia diz que Deus (Espírito) se fez carne e habitou entre nós (João 1:14). Jesus Cristo, que é essa encarnação verbal (João 1:1), veio ao mundo com a mais importante missão de que possa ter conhecimento do Filho do Altíssimo: Salvar os pecadores arrependidos (Atos 3:19). Contudo, embora seja invocado como Senhor, Redentor e Salvador, Ele foi vítima de assédio moral, igualmente ao que acontece a muitas pessoas, que são submetidas a constrangimentos em seu local de trabalho, em ambientes sociais ou habitar.

Antes, porém, temos o dever de explicitar o que é assédio moral, porque o assunto é muito vasto, principalmente quando se trata da aplicabilidade de sentenças, uma vez que no âmbito federal o Brasil ainda não possui regulamentação jurídica específica com a assinatura do Congresso Nacional, mas podendo ser o assédio moral julgado por condutas previstas no artigo 483 da CLT. Ainda, é importante observar como se dá a sua concretização e os prejuízos psicológicos causados à pessoa afetada. Muitos cometem esse pecado e não se dão conta de que estão extrapolando princípios éticos da boa conduta, da respeitabilidade e do domínio próprio (Gálatas 5:23).

Independentemente do sexo, assédio moral é um sentimento de ser ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, culpabilizado, desacreditado diante dos pares, submetido a constrangimento e ultrajado por outra pessoa. É sentir-se um nada na vida, desvalorizado e inútil naquilo que faz.

Aliás, quando se trata do ambiente de trabalho, pode-se dizer que existem diversas categorias de assédio moral. Porém, segundo estudos nessa área, três deles são os mais recorrentes: Descendente, considerado o mais comum. É o tipo de assédio que se dá de forma vertical, de cima (chefia) para baixo (subordinado). Ascendente, que se dá na ordem vertical, mas de baixo (subordinados) para cima (chefia). Só que essa situação é muito difícil de surgir porque geralmente sua prática se dá através de um grupo contra o chefe. E, nesse caso, muitas vezes são pessoas que ambicionam posição e conseguem levantar um grupo para se opor ao chefe. E por último, o paritário, que ocorre de forma horizontal, quando um grupo se isola e assedia um membro, principalmente quando ele se destaca com frequência perante seus superiores. Se pensarmos na escola, podemos ver alunos sendo vítimas desse tipo de assédio por se destacar na sala de aula, por ser o mais querido das meninas ou por obter boas notas em seus testes de avaliação.

Diante das diferentes definições do termo, conforme referido acima, podemos afirmar que não existe coisa pior do que ser humilhado (a) em locais públicos ou em qualquer lugar sem ter (ou mesmo tendo) o direito à defesa. E às vezes, até sem comprovação alguma para quem comete esse ato reprovável. O ofendido fica envergonhado, triste, indignado, revoltado, restando-lhe apenas o desejo de vingança. Jesus Cristo foi submetido a tudo isto; “e como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Isaías 53:7) para esboçar qualquer reação a toda aquela mortificação. Mas, no caso de um ser mortal a situação é diferente, pois o assédio moral lhe causa três fatores horríveis: Dor, tristeza e sofrimento.

Fico pensando nas inúmeras vezes que vi colegas de trabalho sendo expostos a situações vexatórias e constrangedoras. Não apenas uma vez, mas inúmeras. Conheço pessoas, que sempre foram tidas como inteligentes e competentes no que fazem, porém são derrotadas moral e psicologicamente por seus superiores, por meio de frases simples de serem pronunciadas repetidamente pelos causadores desse assédio moral, como: “você é um incompetente”, “você não serve pra nada”, “você é uma anta”, “tu não sabe fazer nada”, acabam deixando o rastro de tristeza no coração do humilhado, que se sente forçado a pedir demissão. Outros se acham tão derrotados que preferem permanecer na empresa recebendo o “salário humilhação” do que cair fora, pois se acham incapazes de ser úteis em outro lugar.

Ao retornar ao texto bíblico, lembro-me do que falou o apóstolo Paulo aos Efésios 4:29: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (desonesta, infame, repugnante, obscena, indecente), e sim unicamente a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que a ouvem”. O biblicista John MacArthur define o termo “torpe” numa visão cristã dizendo que é “um linguajar indecoroso”, razão pela qual “nunca deve passar pelos lábios de um seguidor de Cristo, porque está totalmente em desacordo com a sua nova vida em Cristo”, conforme está escrito no livro de Colossenses 3:8: “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar” contra o seu próximo.

Foi nesse falar sem qualquer reverência, cheio de ira e desprezo, que os soldados prenderam Jesus Cristo. Mas, o pior para o Senhor estava por dimanar, quando foi levado perante o Sinédrio e acusado de blasfêmia (Mateus 26:65). E ali passaram a cuspir no seu rosto e lhe davam murros, e outros esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu! (Mateus 26:67-68).

Mateus registra ainda toda humilhação de Cristo, quando a coorte romana, que era composta por cerca de 330 à 600 soldados do governador levaram-no para o pretório, residência oficial de Pilatos em Jerusalém: “Despojando-o das vezes, cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa de espinho, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e vestiram com suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado” (Mateus 27:27-31).

O assédio moral a Cristo não parou. No parágrafo seguinte (Mateus 27:33-44), a Bíblia relata que repartiram as vestes de Jesus, tirando sorte. Colocaram-lhe no meio de dois ladrões e proferiram frases como: “Se tu eis o Filho de Deus, desce da cruz”, “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se”, “É rei de Israel”!, “Desce da cruz, e creremos nele”.

Embora tenha sido uma estratégia divina (Isaías 53:4-6; João 3:16-21; Filipenses 2:5-11), a humilhação de Cristo serve de exemplo de como não devemos tratar o próximo com desdenho. Mas, com respeito, pois, por mais que ele seja inexperiente ou com uma capacidade de assimilação abaixo do normal para exercer suas funções, não é objeto para ser exposto a ofensas e ao desprezo.

Ser assediado moralmente é algo inesquecível. Contudo, as vítimas precisam encontrar forças para superar os traumas. Por que as aflições existem, a dor no coração é real e a tristeza vem como um “tiro” na auto-estima. Todavia, olhe para Jesus Cristo que fora vítima de humilhações piores que a sua. Ele venceu e nós venceremos também deixando nossos fardos sobre o Senhor (Mateus 11:28-30). E, apesar de João 16:33 estar inserido num contexto de maldições escatológicas, conforme observação de John MaCarthur, o próprio Jesus nos exorta a ter ânimo diante das humilhações que sofremos (no dia a dia no trabalho, em casa, na escola, na igreja – acréscimo meu), dizendo: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passareis por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.

Então, venha para Jesus Cristo!

Fontes:
ORTLUND JR., Raymond C. Isaías: Deus salva os pecadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GILBERTO, Antônio; et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblica de Estudo MaCarthur.
Assédio Moral no Trabalho. Disponível em: <http://www.assediomoral.ufsc.br>. 13 mar 2014.
Revisão textual: Pr. Robson Tavares Fernandes (A quem agradeço imensamente)

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