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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ginásio de escola abriga moradores de áreas alagadas de João Pessoa

Família da desempregada Elenilda Oliveira é um das 20 alojadas no local.
Escola Nazinha Barbosa está sendo usada por famílias do bairro São José.

André ResendeDo G1 PB
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Ginásio da Escola Municipal Nazinha Barbosa serviu de abrigo para moradores do bairro São José, em João Pessoa (Foto: André Resende/G1)Ginásio da Escola Municipal Nazinha Barbosa
serviu de abrigo para moradores do bairro São
José, em João Pessoa (Foto: André Resende/G1)
Elenilda Oliveira tem 30 anos e quatro filhos. Solteira, desempregada e moradora do bairro São José em João Pessoa, terá que passar a noite desta quarta-feira (4) no ginásio da Escola Municipal Nazinha Barbosa, no bairro de Manaíra. Com sua casa inundada e condenada pela Defesa Civil da capital, ela explica que apesar das condições improvisadas do ginásio, o local é mais seguro que sua própria residência.
Segundo levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social de João Pessoa (Sedes), Elenilda e seus filhos são apenas uma das 20 famílias instaladas na escola devido à enchente no bairro São José após as 16 horas de chuvas intensas que atingiram o Litoral paraibano da terça (3) para a quarta-feira. Chuvas que, conforme a Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado da Paraíba (Aesa), superaram em dois dias cerca 178% do volume previsto para todo o mês na capital.

Além do bairro São José, as comunidade São Rafael, Tito Silva e Padre Hildon Bandeira enfrentaram problemas com a enchente do Rio Jaguaribe. Diferentemente das famílias do bairro de Elenilda, os moradores da outras comunidades preferiram permanecer nas residências, mesmo com o nível da água atingindo a cintura. Decisão com a qual a desempregada mãe de quatro filhos concordaria até a enchente desta quarta.
“É a primeira vez que venho para um abrigo. Das outras vezes, nas outras enchentes, a gente se virava. Dormia feito macaco. Mas dessa vez o meu barraco estava todo rachado, não tinha como continuar no local. Além do perigo da casa cair, tem os meus filhos pequenos que podiam até morrer com a água. Tive que sair de lá”, relatou a empregada doméstica desempregada que nasceu e cresceu no bairro São José.
Os moradores do bairro São José abrigados no ginásio da Nazinha Barbosa reclamam que a prefeitura havia anunciado uma intervenção na comunidade após um outra enchente, ocorrida em janeiro deste ano, mas que, desde então, as medidas anunciadas não foram tomadas. Elenilda Oliveira conta que a maioria das pessoas abrigadas no ginásio são suas vizinhas, moradores da Rua do Rio.
“A prefeitura começou a retirada do pessoal do bairro depois da enchente do início do ano, mas a gente que mora na beira do rio continuou por lá. Tanto eu, quanto qualquer pessoa que mora em alguma daquelas casas da Rua do Rio, aceitaria uma ajuda para sair dali. A gente prefere uma casa segura em um bairro distante, até um auxílio moradia, mas não quer continuar morando na beira do rio”, desabafou a desempregada.
Elinalda Oliveira, abrigada no ginásio com seus quatro filhos, recebe quentinhas da Prefeitura de João Pessoa (Foto: André Resende/G1)Elinalda Oliveira, abrigada no ginásio com seus
quatro filhos, recebe quentinhas da Prefeitura de
João Pessoa (Foto: André Resende/G1)
A Prefeitura de João Pessoa ainda não anunciou qual a alternativa será usada para solucionar o problema das famílias que moram na beira do rio que passa pelo bairro São José. Segundo os moradores desabrigados, o governo municipal pediu calma para que os problemas fossem resolvidos. Enquanto se acomodam em arquibancadas improvisadas como dormitórios, os residentes do ginásio da Nazinha Barbosa são providos pela prefeitura.     
De acordo com a diretora de Organização Comunitária e Participação Popular (Dipop) da Sedes, Cely Andrade, todas as 66 pessoas abrigadas até a contagem desta tarde tinham recebido alimentação e colchões. Segundo Elenilda Oliveira, só as quentinhas haviam chegado. “A gente come as quentinhas, as crianças mais velhas também. Mas os mais novos não comem. Se eu disser que eu tenho um pingo de comida para minhas crianças, vai ser mentira. Todos os meus móveis e o pouquinho de feira que as pessoas tinham me dado, eu perdi”, lamentou Elenilda Oliveira.
A diretora do Dipop, Cely Andrade, explicou que a previsão é de que mais família sejam abrigadas no ginásio da escola da rede municipal. "Vamos continuar trabalhando para que os moradores prejudicadas pela enchente aceitem sair desses locais temporariamente. A medida que a água baixar, as pessoas vão começar a retornar a suas casas", explicou.
Segundo a Defesa Civil de João Pessoa, pelo menos mil pessoas ficaram desabrigadas após as chuvas. Conforme dados do órgão, em João Pessoa há 31 áreas de monitoramento, correspondendo a cerca de 53 mil moradores de localidades consideradas de risco.

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