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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Falésia do Cabo Branco pode desaparecer em 20 anos caso nenhuma ação de proteção ocorra

Total desmoronamento do ponto mais oriental das Américas aconteceria levando em consideração que erosão da barreira avança um metro por ano
Ciência e Tecnologia | Em 07/11/14 às 07h05, atualizado em 07/11/14 às 07h54 | Por Jornal Correio da Paraíba
Reprodução/Clilson Jr
Destruição já chega próximo do Farol
Em duas décadas, se nenhuma ação for feita para conter a intensa erosão da barreira do Cabo Branco, o farol sobre a falésia poderá desaparecer. A situação ocorreria considerando o processo erosivo que avança, em média, um metro por ano, conforme estudos geológicos e cálculos feitos a partir de imagens de satélite entre 2007 e 2009, e a distância entre a barreira e o Farol, em torno de 20 metros. A afirmação é do professor Eduardo Galliza do Amaral Marinho, doutor em geociências pela Escola de Engenharia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e geógrafo na área de Geologia e Geografia Física, no Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). 
“Do ponto de vista estatístico e probabilístico, em 20 anos, o Farol do Cabo Branco desapareceria”, constatou. Ele explicou, porém, que a erosão não é linear, e pode estacionar em determinado momento com um bom tempo sem que haja evolução do quadro. “Porém, considerando as estatísticas, probabilidades e a média do avanço de um metro por ano, em 20 anos, o Farol iria desaparecer”, reforçou. 
Apesar da constatação, especialistas na área garantem que não há prognósticos catastróficos, nem risco da barreira desabar totalmente. Porém, é necessário que medidas urgentes sejam tomadas, retardando esse processo para até 80 anos. 
O geógrafo e professor de engenharia ambiental da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), Williams Guimarães, explicou que a variação de recuo da falésia é de 0,46 metro a 1,92 metro por ano. A grande variação, segundo ele, ocorre devido ao avanço costeiro muito acentuado numa área crítica de erosão. Mesmo assim, ressaltou. “O Farol não vai desaparecer. A população não precisa se assustar porque não há previsão catastrófica”, tranquilizou. O recuo erosivo pode chegar próximo ao Farol, impedindo o acesso que já é limitado pelos pontos cercados pela prefeitura para minimizar a erosão. 
Ele explicou que, se em duas décadas, o recuo erosivo se mantiver na mesma dinâmica que está hoje, a erosão chegará próximo ao Farol. Mas, ele discorda do desaparecimento do símbolo. “Não é que vai cair, mas o mirante do Cabo Branco já caiu. Então, o acesso até o Farol vai se tornar mais difícil se nada for feito”, afirmou. Além disso, segundo o Guimarães, é preciso considerar uma série de fatores, como fluxo de corrente, clima, chuva, vento. “Se a dinâmica se mantiver do jeito que está hoje, a situação da barreira pode se agravar ainda mais”. 
Sobre as ações previstas no projeto atual, ele afirmou que toda intervenção na área será para minimizar o processo de erosão, mas não vai cessá-lo. “Se nada for feito, os acessos começarão a ficar difíceis, mas com as ações previstas, é possível controlar a erosão e retardar esse processo para 60, 80 anos”, calculou. 
Ainda segundo o professor, a Estação Ciência é um elemento coadjuvante e sua contribuição negativa é mínima. “Até concordo que ela não deveria ter sido construída ali, mas o prédio não aumenta a erosão da falésia. O problema é resultado de um conjunto de aspectos, desde os naturais até o que é provocado pelo homem. Antes havia uma pista de MotoCross que influenciava muito mais”, observou. 
Paliativo
retirada do tráfego em um sentido da barreira feita esta semana pela Prefeitura, na opinião do geógrafo Williams Guimarães, é apenas um paliativo, mas traz uma preocupação a menos com o processo de erosão. Ainda assim, frisou que não é apenas o trânsito que interfere. O mar, as ações naturais ou as que resultam da ação humana provocam a erosão que vai se acentuando para dentro do continente, conforme o professor.  A erosão é um processo natural que foi aumentado por interferência do homem. O recuo erosivo é a evolução do ciclo de uma falésia, que ocorre naturalmente. Quando chega o homem amplifica o processo. A intervenção, ou seja, colocar o projeto da Prefeitura em prática, vai controlar e diminuir a ação do recuo erosivo que está intenso. “É como a manutenção de um carro para evitar a corrosão. Então, as intervenções servirão para que a região tenha uma vida mais longa”, comparou Williams Guimarães. Na gestão do prefeito Luciano Agra (2010-2013), o especialista participou dos estudos para elaboração de projeto para a barreira. “Não havia projeto.
Leia matéria completa na edição desta sexta-feira (7) do jornal Correio da Paraíba.

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