por Michele Marques
Policiais Militares do Destacamento de Pedro Régis, brejo paraibano, averiguaram no fim da tarde deste domingo (08) uma denúncia de cárcere privado. Segundo a denúncia, há cerca de dois anos a agente de saúde do município, senhora Maria Gorete Batista dos Santos, 42 anos, estaria mantendo seu pai, o aposentado João Batista dos Santos, 77 anos, e os dois irmãos, José Carlos dos Santos, 38 anos, e Dioclécio Batista dos Santos, 27 anos, todos portadores de deficiência mental, presos por grades dentro de um cubículo na Comunidade de Canto de Pedras, naquele município.
O cárcere foi constado pelos Policiais que estiveram na ocorrência e Maria Gorete foi conduzida a DPC do município e em seguida foi encaminhada para prestar esclarecimentos a autoridade policial na DPC de Mamanguape. Após a confirmação do “delito” Maria Gorete foi autuada por cárcere privado e abandono de incapaz, conduzida em seguida para o Presídio Feminino Júlia Maranhão em João Pessoa, onde deverá ficar à disposição da Justiça, segundo informações do Sgt. Celestino.
Mas, embora o cárcere tenha sido constatado, as denúncias de maus tratos, abandono e negligencia por parte de Maria Gorete foram rebatidas por familiares, amigos e vizinhos. Segundo eles, Maria Gorete tem sua vida totalmente devota aos “cuidados” com o pai e irmãos. A casa onde ela mora fica a poucos metros de distância do local onde o pai e os irmão vivem. Segundo os familiares, o irmão José Carlos ficaria preso por grades em um quarto, por ser agressivo e por oferecer perigo a sua própria integridade física e a de seus vizinhos; eles afirmam que o aposentado e o irmão mais jovem, Dioclésio, tem comportamento mais sociável, por isso não ficam presos. Afirmam também que embora a casa possua um odor forte, a higiene do local é feita várias vezes por dia pela acusada e também pela sua filha de 19 anos.
Os três fazem suas necessidades biológicas no chão e às vezes chegam a espalhar as fezes por todas as paredes da casa, que constantemente tem que ser limpa, “inclusive nas madrugadas, quando necessário”, disse à nossa reportagem uma das irmãs de Maria Gorete. Sobre a alimentação, confirmando o que a agente de saúde dizia em seu depoimento à Polícia, os vizinhos e familiares dizem que é oferecido cerca de cinco refeições diárias para eles.
Uma equipe do PSF e o assistente social do município estiveram na casa no momento em que nossa reportagem estava no local e confirmaram que Maria Gorete cuida de seus irmãos e pai; todos são acompanhados pela médica da equipe do PSF e por um psiquiatra, cujo laudo atesta a agressividade e necessidade de reclusão do paciente em questão. Também há informações de tentativas de internações no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira na capital paraibana, porém sem sucesso. Sobre a aparente insalubridade do local, os familiares dizem que não há, segundo eles, uma outra maneira ou condição financeira de mantê-los. “Nós oferecemos a eles tudo que está a nosso alcance, minha irmã é uma guerreira que cuida do meu pai feito um bebê”, disse chorando Maria da Paz,também irmã da acusada.
Os vizinhos, amigos e os familiares estão revoltados e consideram a prisão uma injustiça e agora há uma preocupação por parte deles, com relação aos cuidados com os três portadores de deficiência mental, pois Maria Gorete seria a única capaz de acalma-los, a única que consegue obter a atenção e obediência dos três. O Prefeito Baía colocou um advogado à disposição do caso e espera-se que a qualquer momento haja o relaxamento da prisão de Maria Gorete.
Daredação com Pery Camilo
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