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quinta-feira, 13 de março de 2014

Morre, aos 81 anos, o ator Paulo Goulart

O GLOBO
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Ator Paulo Goulart faleceu aos 81 anos em São Paulo
Foto: TV Globo/Márcio de Souza
Ator Paulo Goulart faleceu aos 81 anos em São Paulo TV Globo/Márcio de Souza
RIO — O ator Paulo Goulart morreu nesta quinta-feira, em São Paulo, aos 81 anos. Ele lutava há seis anos contra um câncer que começou nos rins. Há dois anos, descobriu-se uma metástase para os ossos e o mediastino. O ator estava internado desde 8 de janeiro na Clinica São José, em São Paulo, e morreu às 13h22m, ao lado da família. Paulo será enterrado no cemitério da Consolação, nesta sexta, às 14h. O velório será realizado a partir das 23h30m desta quinta no Teatro Municipal de São Paulo.
A voz forte, mais do que a beleza e a boa altura, ajudou Paulo Goulart a iniciar carreira artística. Começou primeiro, na rádio fundada pelo pai, na pequena cidade de Olímpia, em São Paulo. Ao fazer um teste para locutor na Rádio Tupi, acabou contratado por Oduvaldo Vianna, como radioator. Tinha 17 para 18 anos. O contato com os palco se deu ainda antes. Nascido em Ribeirão Preto, Paulo Afonso Miessa contava 8 anos quando subiu no tablado para interpretar uma pequena bailarina em uma peça de teatro infantil de seu colégio. Embora tenha chegado a estudar Química Industrial, a arte falou mais alto e, do rádio, sua voz marcante ganhou um rosto e migrou para a televisão: a primeira novela que fez foi "Helena", de Manoel Carlos, na TV Paulista, em 1952.
Foi na mesma época que ele conheceu a atriz Nicette Bruno, e os dois se casaram logo em seguida, em 1954. A relação do casal é uma das mais célebres da TV brasileira.
"Foi um final dolorido, mas foi uma passagem muito em paz com muito amor com todos os filhos e netos ao lado dele. Eu de mãos dadas com ele, porque nosso amor é eterno. Então vamos ter esse momento de separação, mas estaremos juntos sempre. É muito difícil para mim nesse momento falar alguma coisa porque a emoção é muito grande e forte. A dor é grande", disse Nicette ao site Ego na porta do hospital na tarde desta quinta.
Ao lado da família, Paulo se mudou para para Curitiba em 1962, onde trabalhou na Escola de Teatro Guaíra, no Teatro de Comédia do Paraná e na TV Paraná. Quando voltou a São Paulo, ainda na década de 1960, o ator atuou em novelas de Ivani Ribeiro na TV Excelsior e, no fim da década, estreou na TV Globo em 1969, em "A cabana do Pai Tomás".
Seu primeiro grande papel na TV veio logo depois, em 1972, em "Uma rosa com amor". Na trama de Vicente Sesso, Paulo interpretava Claude, e formava o casal protagonista da história com a personagem de Marília Pêra. A química do casal fez grande sucesso com o público. Também na década de 1970, ele atuou em duas novelas da TV Tupi e, na volta à Globo, em 1980, emplacou novo grande sucesso em "Plumas e Paetês", de Cassiano Gabus Mendes. “Foi fantástico! Aquele guarda italianão, que falava com aquele sotaque, gostava de comida... Eu adoro! Foi um retorno maravilhoso”, disse o ator em entrevista ao site Memória Globo sobre o segurança Gino.
Paulo Goulart integrou o elenco de novelas de autores dos mais diversos: fez "Jogo da vida" (1981), de Silvio de Abreu, "Roda de fogo" (1986), de Lauro César Muniz, "Fera radical" (1988), de Walther Negrão e "O dono do mundo" (1991), de Gilberto Braga. Em 1993, veio outro papel marcante, desta vez na pele de um vilão: o barqueiro Donato, do remake de "Mulheres de areia", de Ivani Ribeiro. Nos anos 1990, o ator ainda teve passagens por novelas do SBT e da Bandeirantes antes de voltar à Globo mais uma vez. Sua última novela foi "Morde & assopra" (2011), de Walcyr Carrasco.
Além da televisão, Paulo Goulart (o sobrenome artístico tomou emprestado de um tio) deixou sua marca também no teatro. Em 1952 já integra a Companhia Nicette Bruno e Seus Comediantes, atuando em "Senhorita Minha Mãe", de Louis Verneuil, com direção de Ruggero Jacobbi. Ao longo de sua carreira trabalhou com grandes nomes do teatro como Antunes Filho, Madalena Nicol, Antônio Abujamra, Paulo Francis, Eva Todor Henriette Morineau, entre muitos outros.
A lista de espetáculos de que participou é extensa e inclui títulos importantes da dramaturgia como "Dona Rosita, a Solteira", de Federico García Lorca, numa tradução de Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), 1980. Ou "Rei Lear" de Shakesapeare, dirigido por Celso Nunes, em montagem que marcou os bons tempos do Teatro dos Quatro, no Rio. Também deste tempo é "Sábado, domingo e segunda", de Eduardo De Filippo, direção de José Wilker, 1986. Teve participação importante em títulos da dramaturgia nacional como "Vestido de noiva" (montagem de 1956) e "Pedro Mico" (1958). É bom lembrar que, antes disso, Paulo já era um ator premiado. Em 1974, tem participação marcante em "Orquestra de senhoritas", de Jean Anouilh, adaptação e direção de Luís Sérgio Person, em que incorpora Mme. Hortense, uma viúva que chefia a orquestra. A interpretação levou-o a ganhar os prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, e Molière de melhor ator. Mais tarde, em 1998, foi dirigido por Mauro Rasi em "Arte", de Yasmina Reza, em que dividia a cena com Paulo Gorgulho e Pedro Paulo Rangel.
Para o teatro contribuiu também como autor. Segundo biografia do site Itaú Cultural, escreveu em 1975 "Nós também sabemos fazer", peça que dirige ele próprio no mesmo ano. Assina também "Mãos ao alto, São Paulo!", " Mãos ao alto, Rio!", e "O Infalível Dr. Brochard". Seu último espetáculo foi "Abalou Bangu 2", de Flávio Marinho, encenado no Teatro dos Quatro, em 2011.
Dono de um currículo de grandes papéis no teatro e na TV, Goulart teve carreira coadjuvante no cinema. Estreou na comédia "Destino em apuros" (1954), de Ernesto Remani, ao lado de Paulo Autran e Sérgio Britto, mas demorou mais três anos para voltar as telas, com "Rio Zona Norte", de Nelson Pereira dos Santos, emendando uma série de outros trabalhos naquela década, como "O cantor e o milionário" (1958), de José Carlos Burle, e "O barbeiro que se vira" (1958), de Euripides Ramos.
Nas décadas seguintes, no entanto, manteve contatos esporádicos com filmes e participou de apenas três produções nos anos 1960 ("E eles não voltaram", de Wilson Silva, "Cala a boca, Etelvina", de Euripides Ramos e Hélio Barroso, e "Nordeste sangrento", de Wilson Silva, por exemplo. Voltou a participar de produções de destaque nos anos 1980, como "Gabriela, cravo e canela" (1983), de Bruno Barreto, e "Faca de dois gumes" (1989), de Murilo Salles. Sua última aparição em um filme foi em "O tempo e o vento" (2013), de Jayme Monjardim, adaptação da trilogia do escritor Érico Veríssimo.
Paulo Goulart e Nicette Bruno tiveram três filhos, todos eles atores. Beth Goulart, de 52 anos, Bárbara Bruno, de 56, e Paulo Goulart Filho, 47 anos, que é também dançarino.


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