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quinta-feira, 27 de março de 2014

'Caixa Preta' tem cinco denúncias da Paraíba com registros de mau atendimento na Saúde

Principal reclamação recebida pelo programa da AMB é em relação à demora no atendimento tanto nos hospitais públicos como privados, com 58% das queixas
Saúde | Em 26/03/14 às 17h48, atualizado em 26/03/14 às 18h37 | Por Luciana Rodrigues
Reprodução
Direção do Trauma se defende das reclamações
A Associação Médica Brasileira (AMB) recebeu  cinco denúncias de usuários da saúde em relação a mau atendimento em unidades médicas localizadas na Paraíba, através do programa 'Caixa Preta da Saúde', criado há cerca de duas semanas.
As unidades médicas alvo de reclamações na Paraíba, conforme o balanço divulgado pela AMB, são o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oceania, em João Pessoa; o hospital Flávio Ribeiro Coutinho, em Santa Rita, na Grande João Pessoa e a unidade mista de saúde Benjamim Maranhão e o Posto de Saúde de Cozinha, os dois últimos no município de Dona Inês, no Agreste, da 160 quilômetros de João Pessoa.
De acordo com a AMB, em todo o país foram registradas 900 denúncias on line. As reclamações são feitas através dosite. A principal denúncia recebida pelo programa é em relação à demora no atendimento tanto nos hospitais públicos como privados, com 58% das queixas.
Conforme a AMB, entre todas as denúncias que chegam através do programa Caixa Preta da Saúde, somente são registradas aquelas que estão de acordo com a política do site.  Mensagens apenas de desabafos, com ausência de denúncias e com exposição de imagens de pessoas físicas e pacientes são descartadas.
O presidente da AMB, Florentino Cardoso, disse que em menos de duas semanas de funcionamento, o projeto está superando as expectativas. "O desafio agora é mobilizar a população dos estados com menor número de denúncias a utilizarem a plataforma, para ajudar a abrir a caixa preta da saúde no Brasil", enfatizou. Ele lembrou ainda que é importante o envio de fotos e pequenos vídeos, para reforçar a verdadeira situação da saúde no país.
Denúncias
Dentre denúncias registradas em relação a unidades médicas da Paraíba, está a do Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena. Conforme o registro do Caixa Preta da Saúde, faltariam médicos, enfermeiros e leitos para atender satisfatoriamente a demanda existente.
Cada cruz representa uma denúncia
Foto: Cada cruz representa uma denúncia
Créditos: Reprodução/site 
Já a outra queixa feita na Capital, em relação à UPA Oceania, o denunciante diz que não foi atendido devidamente ao procurar a unidade com fortes dores abdominais. Servidores teriam dito que o caso não era de 'emergência' e nem teriam informado onde o paciente deveria ter o atendimento que necessitava.
A reclamação registrada em Santa Rita, ao hospital Flávio Ribeiro Coutinho, diz que a unidade apresenta caos no atendimento tanto no aspecto clínico como de infraestrutura.
No município de Dona Inês, a denúncia em relação à Unidade Mista Benjamim Maranhão diz respeito à falta de medicamentos, demora para realização de consultas e exames especializados. Já no Posto de Saúde de Cozinha estaria faltando dentista há mais de um ano.
Unidades médicas
Hospital de Trauma - O diretor técnico do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, Edvan Benevides, disse, em relação à denúncia, que a unidade médica atende a 18 especialidades na área médica e somente o Trauma de João Pessoa, no estado, possui plantões presenciais nas áreas de otorrinolaringologia, oftalmologia, urologia, cirurgia toráxica, cirurgia vascular, cirurgia bucomaxilofacial e neurocirurgia.
Benevides falou que o Trauma da Capital é também o primeiro hospital a colocar enfermeiro em todas as ambulâncias de transporte de paciente, antes mesmo até do Samu. "Nosso quadro é decidido de acordo com o dimensionamento preconizado pelo Ministério da Saúde e conselho Federal de Enfermagem".
O diretor do Trauma da Capital informou que foi ampliada em 100% a quantidade de leitos em relação ao início de 2011. "Para se ter uma ideia, no início de 2011, tínhamos só 148 leitos, sendo 22 de UTI. Hoje temos 43 leitos de UTI, e três de UTI pediátrica e chegamos a um total de 199 leitos".
Benevides revelou também que foi inaugurado o novo Hospital de Traumatologia e Ortopedia da Paraíba, com 93 leitos, sendo 10 de UTI, um bloco cirúrgico e duas salas. No novo hospital estão sendo realizadas 250 cirurgias e 1 e 500 atendimentos ao mês.
"O Hospital de Trauma realiza hoje mais de 6 mil atendimentos ao mês de emergências e realiza mais de mil cirurgias ao mês. O triplo que era feito em 2011. Estamos mostrando com números e estatísticas que a denúncia não procede em nenhum dos itens, tanto que o hospital de Trauma acabou de receber o selo de acreditação hospitalar pela Organização Nacional de Acreditação (ANA)", reclamou.
UPA Oceania - Najara Rodrigues, diretora multiprofissional da Unidade  de Pronto Atendimento (UPA) Oceania, da Secretaria Municipal de João Pessoa, localizada no Bairro de Manaíra, Zona Leste da Capital, disse que todos os pacientes que procuram atendimento de urgência e emergência são avaliados e passam por uma classificação de risco.
“Todos que aqui chegam passam por equipe de profissionais habilitados que avalia o quadro clínico e o classifica por uma de quatro cores. Em todos os casos o paciente é orientado pelo setor de assistência social e encaminhado quando necessário para outras unidades médicas, por isso não há procedência na denúncia”, reclamou.
Ela explicou que quando a classificação é azul, o paciente é encaminhado para uma unidade básica ou para algum especialista. Quando é amarelo, o paciente fica em observação por 24 horas e se for preciso será encaminhado para um hospital de referência. No caso da classificação verde, ele é atendido na UPA mesmo e depois liberado, mas quando é vermelha, o paciente fica na UPA aguardando vaga para ser transferido para um hospital.
Hospital Flávio Ribeiro Coutinho - O Portal Correio tentou entrar em contato com o Hospital Flávio Ribeiro Coutinho, que é filantrópico, no município de Santa Rita, através do telefone, mas as ligações não foram atendidas.
Unidade Mista Benjamim Maranhão e Posto de Saúde Cozinha - Em relação às denúncias das duas unidades de saúde do município de Dona Inês, a secretária da pasta, Taciana Nunes, admitiu que há períodos em que existe falta de medicação porque a aquisição depende de processo licitatório, que é feito sempre no início do ano, mas ela garantiu que a população de Dona Inês irá dispor de todos os itens da Relação de Medicamentos Nacional. "Se alguns itens estão faltando no momento é por conta do tempo que leva todo processo licitatório".
No caso da demora para atendimento e marcação de exames especializados, Taciana disse que isso acontece porque o município trabalha com o Programa de Pactuação Integrada, em que o município, quando não dispõe de determinada especialidade, precisa transferir o atendimento para outro município.
No caso de Dona Inês, ela informou que os casos de alta complexidade são transferidos para Guarabira ou João Pessoa. "Temos uma cidade com 10 mil e 500 habitantes, e quando solicitamos atendimento de outra cidade temos que aguardar o agendamento lá. Quando isso acontece dispomos para o paciente de transporte do município que o leva até a unidade médica do município referenciado", explicou.
Já em relação à falta de dentista, Taciana informou que está chamando um odontólogo aprovado no último concurso público e aguarda a apresentação do candidato. "Mesmo assim, os casos de urgência estão sendo transferidas para outras unidades. No município dispomos de cinco equipes de saúde bucal", completou. 

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