PIEMONTE FM

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mulher entrega ‘filha’ capivara à polícia com medo de ser presa na PB

Animal de seis meses era criado em sítio na zona rural de Santa Rita.
'É como se estivesse perdendo um filho', diz 'dona' da capivara.

André ResendeDo G1 PB
Nereuza Pereira se emocionou no momento da entrega do animal à polícia, em Santa Rita na Paraíba (Foto: Walter Paparazzo/G1)Nereuza Pereira se emocionou no momento da entrega do animal à polícia, em Santa Rita na Paraíba (Foto: Walter Paparazzo/G1)
Uma capivara foi entregue voluntariamente à Polícia Ambiental por uma feirante na tarde desta segunda-feira (9). Nereuza Roberta Pereira mora em um pequeno sítio na zona rural de Santa Rita, município da Grande João Pessoa, e ligou para a Polícia Ambiental para solicitar que levassem o animal, tratado carinhosamente como Magali por ela e sua família. “É como se eu estivesse perdendo um filho meu”, conta, revelando que fez a entrega contra sua vontade. A feirante cuidava do animal há cerca de seis meses, mas ficou com medo de ser presa ou multada por crime ambiental.
Triste por ter que "se afastar de um parente", como ela faz questão de tratar, a feirante explicou que se a lei permitisse, não se desfaria de Magali. “Quero ela para mim, mas já que a lei não permite que eu fique, prefiro entregar. Eu sei que vou adoecer de novo, fiz uma cirurgia há quase um mês. Tenho depressão. Depois de entregar ela corro risco de voltar pra o hospital. Ela fez muito bem a mim e a minha família. Eu amo ela demais. É como se tivesse morrendo um filho meu. Só resolvi entregar com medo de ser multada, porque não tenho condições de pagar”, lamentou.
Ela conta que o carinho pelo animal começou quando seu marido encontrou Magali, ainda muito pequena, presa em um cipó, e decidiu levar para evitar que ela morresse no local. “Ela chegou muito debilitada, bem novinha. Acho que tinha nascido naquele dia, em março. Eu tava trabalhando na feira, quando minha neta me ligou e pediu que eu trouxesse leite e mamadeira. Não sabia para o que era, pensei que fosse um cabrito. Quando cheguei meu marido disse que era uma capirava, eu nunca tinha visto, não conhecia”, comentou.
A capivara domesticada convivia com outros animais no sítio em Santa Rita, na Paraíba (Foto: Walter Paparazzo/G1)A capivara domesticada convivia com outros
animais no sítio em Santa Rita, na Paraíba
(Foto: Walter Paparazzo/G1)
A partir daquele dia, Nereuza e sua família passaram a se dedicar aos cuidados da capivara Magali. O animal começou a ser alimentado com leite de caixa e, depois, quando ficou mais forte, passou a comer macaxeira, cuscuz e arroz. “Ele comia de tudo, só não gostava muito de pão”, contou Nereuza Pereira. Após seis meses, a capivara passou a conviver com os outros animais do sítio e a integrar o cotidiano da família da feirante, ao ponto até de dormir na cama com Nereuza e o marido.
“Se não fosse crime, eu ficaria com ela. Eu sinto muito amor por ela, como se fosse uma filha minha. Eu sinto muito amor pelos meus bichos. Não deixo ninguém matar um passarinho aqui no sítio. Planto pé de pimenta por causa dos pássaros, tenho todo cuidado com meus bichos”, comentou Nereuza.
O sargento Amaral, do Batalhão de Polícia Ambiental, explicou que por ser uma entrega voluntária, o processo não vai gerar nenhuma multa para a feirante. Segundo o sargento, Magali será levada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Cabedelo, na Grande João Pessoa, para passar por um processo de readaptação alimentar e ser devolvida ao habitat natural. “Agora o animal irá passar por um período de quarentena para se readaptar ao seu habitat e depois passar por uma avaliação para só então ser devolvido à natureza”, concluiu.

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